Cartão Vermelho para o Racismo rumo à sua nacionalização
A campanha “Cartão Vermelho para o Racismo”, uma iniciativa conjunta da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), deu um passo decisivo rumo à sua nacionalização nesta segunda-feira (9). Em uma reunião estratégica com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, apresentou o protocolo da campanha, que agora conta com a adesão institucional do conselho para sua expansão a outros estados do Brasil.
Lançada em 4 de maio, durante o jogo do Campeonato Brasileiro entre Vasco e Palmeiras na Arena BRB Mané Garrincha, a campanha tem um objetivo claro e contundente: combater o racismo nos estádios de futebol e promover uma cultura de respeito e inclusão por meio do esporte mais popular do país. O encontro no CNMP também contou com a presença do subsecretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Sejus-DF, Juvenal Araújo, e de membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que têm acompanhado as ações da campanha desde o seu início, reforçando o compromisso interinstitucional na luta contra o preconceito.
Com a adesão oficial do CNMP, o próximo passo será a formalização de um acordo de cooperação técnica entre a Sejus-DF e o conselho. A proposta de nacionalização já começa a ganhar contornos práticos: o Ministério Público do Estado do Pará, representado na reunião pelo promotor de Justiça Eduardo Falesi, demonstrou grande interesse em implementar a campanha em seu estado. A previsão é que a iniciativa seja lançada durante o clássico entre Remo e Paysandu, marcado para 21 de junho, em Belém. Na ocasião, o promotor Falesi fez um convite formal à secretária Marcela Passamani para participar do evento de lançamento no Pará, sinalizando a capilaridade que a campanha está ganhando.
Letramento Racial e Capacitação Ampla
A reunião com o CNMP não se limitou à adesão à campanha. Foi também um momento fundamental para o alinhamento de uma nova e ambiciosa frente de ação: o desenvolvimento de uma plataforma de letramento racial online. Essa plataforma permitirá a capacitação remota de membros do Ministério Público de todo o país, incluindo promotores, procuradores e servidores. O curso, que já está em desenvolvimento, tem como principal objetivo fortalecer a compreensão sobre o racismo estrutural e orientar as melhores práticas institucionais no enfrentamento às desigualdades raciais.
A primeira turma de formação já tem data marcada: nesta sexta-feira (13), às 9h, uma equipe especializada da Sejus-DF ministrará o curso de letramento racial para um grupo de promotores e servidores do MPDFT. A proposta da secretaria é que, após essa fase inicial, a capacitação seja progressivamente estendida a todos os atores envolvidos no ambiente do futebol, tanto dentro quanto fora dos campos, abrangendo atletas, comissões técnicas, dirigentes, torcedores e profissionais de segurança.
“A campanha Cartão Vermelho para o Racismo é um instrumento poderoso de transformação social”, afirmou Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania. “Por meio da parceria com a CBF, conseguimos levar essa mensagem de respeito e igualdade a milhões de brasileiros. Com a adesão do Ministério Público, damos um passo ainda mais firme para ampliar esse alcance e reafirmar nosso compromisso com o enfrentamento ao racismo em todas as esferas da sociedade.”
O subsecretário Juvenal Araújo ressaltou a excelente receptividade da proposta por parte dos membros do CNMP. “A iniciativa foi muito bem-recebida, e já há um compromisso de firmar um acordo de cooperação. A ideia é que o sistema de Justiça seja a mola propulsora para levar a campanha para todos os estados, ampliando a atuação antirracista por meio de uma rede institucional forte e engajada”, explicou Araújo, demonstrando o otimismo com a expansão da campanha.
Um Compromisso Ampliado e o Legado da Lei
O presidente da Comissão do Sistema Prisional, Controle Externo da Atividade Policial e Segurança Pública do CNMP, Jaime de Cassio Miranda, reforçou a importância do envolvimento da instituição. “O CNMP já atua em diversas frentes na defesa dos direitos fundamentais, como os das vítimas, das mulheres e da infância. Aderir a essa campanha contra o racismo nos estádios é uma extensão natural dessa missão. Esperamos que, por meio da atuação capilarizada do MP, essa mensagem de tolerância e respeito seja levada ao país inteiro”, declarou Miranda, evidenciando o potencial transformador da iniciativa ao se integrar às ações já desenvolvidas pelo Ministério Público.
A campanha “Cartão Vermelho para o Racismo” é parte integrante da Política Distrital de Prevenção e Combate ao Racismo nos Estádios, instituída pela Lei Vinícius Júnior (Lei nº 22.084/2024), sancionada pelo Governo do Distrito Federal (GDF). Desde seu lançamento, a ação já esteve presente em três jogos promovidos pela CBF na Arena BRB Mané Garrincha, contando com o apoio fundamental da Federação Brasiliense de Futebol (FBF) e do MPDFT. Esses jogos foram marcados por gestos simbólicos potentes contra o racismo, como a exibição coletiva de cartões vermelhos pelo público e a presença de faixas em campo com mensagens antidiscriminatórias, que reforçaram o repúdio a qualquer forma de preconceito.
Além de sua estreia no jogo entre Vasco e Palmeiras em 4 de maio, a campanha também foi levada às partidas entre Aparecidense e Fluminense (11/5) e Capital e Botafogo (17/5), ampliando significativamente sua visibilidade e o engajamento tanto do público presente quanto dos atletas envolvidos. Com a adesão do CNMP e o compromisso de levar a iniciativa a outros estados, o movimento “Cartão Vermelho para o Racismo” ganha uma força inédita para se tornar uma política nacional de enfrentamento ao racismo no esporte. A expectativa é que essa união de forças reforce o futebol não apenas como um esporte, mas como uma poderosa ferramenta de inclusão, respeito e transformação social em todo o Brasil.
Por minuto61
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