Campeonato de futebol no socioeducativo alia esporte, saúde mental e expressão cultural
Unindo esporte, saúde mental e expressão cultural, a terceira edição de um campeonato de futebol está em andamento no sistema socioeducativo do Distrito Federal. A iniciativa, que visa promover inclusão, cultura e transformação social por meio do Projeto Atlas, conta com o apoio fundamental da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), do programa Jovem de Expressão e de recursos oriundos de emenda parlamentar da senadora Leila do Vôlei. Mais do que uma competição, o torneio busca fortalecer vínculos e garantir o direito ao lazer entre adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.
A parceria viabilizou uma estrutura robusta para o campeonato, permitindo a aquisição de materiais essenciais como bolas, apitos, relógios de cronômetro, placares, uniformes e chuteiras para os adolescentes, além da contratação de árbitros. Tathyana Lopes, diretora Social e Pedagógica do Sistema Socioeducativo da Sejus-DF, ressalta a importância da iniciativa: “O esporte é um direito básico de toda criança e adolescente. Quando um jovem cumpre medida socioeducativa, o único direito restringido é o de liberdade. Todos os demais devem ser garantidos”.
Esporte como Ferramenta de Inclusão e Direitos
Tathyana Lopes acredita firmemente no esporte como uma ferramenta transformadora na vida dos jovens. “Conhecemos muitas histórias de pessoas que mudaram de vida por meio do esporte. Ele pode ajudar o adolescente a repensar sua trajetória, construir novos planos de vida e desenvolver habilidades de convivência social”, afirma. O campeonato é visto como uma oportunidade para fortalecer os vínculos entre os participantes, estimular o trabalho em equipe e canalizar energias de forma positiva.
A competição reúne times formados por adolescentes de seis unidades de internação masculinas do DF. O torneio é dividido em duas chaves, com três times em cada uma. Na primeira fase, todos os times se enfrentam dentro de suas respectivas chaves. Os vencedores de cada grupo avançam diretamente para a final. A edição atual já está em andamento, gerando grande expectativa e engajamento nas unidades.

Além da parte esportiva, o projeto incorpora elementos culturais e sociais em todos os jogos. Apresentações de MCs e DJs, promovidas pelo programa Jovem de Expressão, animam o público e os competidores, reforçando a conexão entre esporte e cultura.
Foco em Saúde Mental e Expressão Coletiva
Uma semana antes do início das partidas, foi implementado o projeto Fala Jovem, uma ação de extrema importância para a saúde mental dos participantes. Conduzidos por uma psicóloga da equipe, os encontros utilizam práticas terapêuticas para proporcionar um momento de escuta e diálogo com os adolescentes. A psicóloga Yasmin Moreira destaca que esses encontros antecedem os jogos e são essenciais para criar vínculos e promover reflexões importantes.
“Essa preparação foi essencial para que nós, enquanto programa, também pudéssemos estar próximos desses meninos do socioeducativo. O Fala Jovem é uma ação que já realizamos em Ceilândia, e levamos essa metodologia para dentro das unidades”, explica Yasmin. Durante os encontros, são abordados temas cotidianos e afetivos, permitindo uma conversa aberta sobre memórias, expectativas e desafios.
Yasmin relata que muitas das histórias ouvidas envolvem o futebol, tanto de quem já tinha contato com o esporte antes da internação quanto de quem começou a jogar dentro da unidade. “A gente quis trabalhar a perspectiva da memória a partir do esporte. Para muitos, o futebol representa sonho, esperança e possibilidade de ascensão social, especialmente entre jovens negros da periferia”, detalha. O futebol, frequentemente, é um dos primeiros espaços de socialização entre os meninos, onde surgem amizades e se fortalecem vínculos. Mesmo sem a intenção de seguir carreira, muitos veem o esporte como uma forma de reconhecimento e valorização.
Parceria e Reconhecimento da Juventude Periférica
Para reforçar o trabalho com saúde mental, Yasmin convidou o psicólogo Guilherme Antunes, especializado em masculinidades. A presença masculina no papel do cuidado, ainda incomum nos serviços públicos de saúde mental, foi pensada para mostrar que esse lugar também pode ser ocupado por homens.
Yasmin Moreira reforça que o projeto evidencia o valor das parcerias entre o poder público e a sociedade civil organizada. “É importante reconhecer o trabalho de quem está diariamente com essa juventude periférica. A gente conhece esses jovens, sabe quem são, e entende a importância de ouvi-los para além dos estereótipos e da lógica da autoridade. Essa parceria com a Sejus foi muito rica”, conclui a psicóloga. O campeonato demonstra como a colaboração e a escuta ativa podem promover a transformação social e garantir que os direitos desses jovens sejam respeitados.
Fonte: Agência Brasília
Por minuto61
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