Greve dos Enfermeiros do DF (3/9) em Busca de Isonomia
Os enfermeiros da rede pública de saúde do Distrito Federal decretaram estado de greve nesta quarta-feira (28), durante uma assembleia realizada em frente à Câmara Legislativa. A categoria, liderada pelo Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiro), exige a implementação de isonomia salarial e a reestruturação do plano de carreira dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). Até a próxima terça-feira (3), os enfermeiros manterão o estado de greve, com uma nova paralisação de 12 horas programada para essa data, caso suas demandas não sejam atendidas.
Estado de Greve e Isonomia Salarial em Foco
O estado de greve dos enfermeiros reflete a insatisfação crescente com as condições salariais e de trabalho. Entre as carreiras de ensino superior da Secretaria de Saúde do DF, os enfermeiros são os que menos recebem. A categoria destaca que, apesar disso, é a que mais produz nos três níveis de atenção à saúde. Essa disparidade salarial é um dos principais motores da mobilização, e a busca por isonomia salarial é vista como uma questão de justiça para os profissionais que estão na linha de frente do atendimento.
A decisão pelo estado de greve ocorreu após uma paralisação de 12 horas, durante a qual os enfermeiros expuseram os desafios enfrentados diariamente. Além do déficit de profissionais, que impacta diretamente a qualidade do atendimento, a categoria lida com uma produtividade alta e uma crescente diferença salarial. Em 2013, essa diferença era de R$ 800, mas hoje já ultrapassa os R$ 5 mil.
Produtividade dos Enfermeiros e Déficit de Profissionais
Os dados do painel Info Saúde de 2023, da Secretaria de Saúde, corroboram as reivindicações dos enfermeiros. A categoria lidera em diversas áreas, incluindo consultas de pré-natal e atendimentos gerais. Nos primeiros seis meses de 2024, foram responsáveis por um milhão e oitocentos mil atendimentos, um número expressivo que demonstra a importância do trabalho desses profissionais. Além disso, na Atenção Primária à Saúde (APS), os enfermeiros também ocuparam a primeira posição, com mais de um milhão e duzentos mil atendimentos registrados.
Desde 2018, o número de enfermeiros na rede pública do DF permaneceu praticamente inalterado, variando entre 3.900 e 4 mil profissionais. Mesmo com essa estagnação, a produtividade aumentou significativamente. Entre 2021 e 2024, os atendimentos passaram de 1,2 milhão para 1,7 milhão. Esses números reforçam o argumento dos enfermeiros de que, apesar de produzirem mais, não recebem a devida valorização salarial.
Greve por Isonomia Salarial Continua
A luta pela isonomia salarial é apenas uma das frentes de batalha dos enfermeiros do DF. A categoria também reivindica uma reestruturação do plano de carreira, que inclua um reconhecimento formal das suas contribuições para o sistema de saúde. Em 2023, os enfermeiros ampliaram o acesso ao Dispositivo Intrauterino (DIU) em 38,7% e realizaram mais de 6 mil partos normais, mesmo em um ambiente hospitalar estruturado principalmente para médicos.
Com a nova paralisação marcada para terça-feira (3), a expectativa é de que a mobilização ganhe ainda mais força. A assembleia, que ocorrerá novamente em frente à Câmara Legislativa, tem como objetivo pressionar o governo do DF a atender as demandas da categoria. Até lá, os enfermeiros permanecem em estado de greve, aguardando uma resposta que possa finalmente resolver as questões salariais e de carreira que afetam a qualidade do atendimento na rede pública.
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